Bem vindo ao balaio de gato! Entre e fique a vontade.

O insenso já está queimando enquanto a água dança na fonte.

Logo logo te sirvo o café sob a luz de uma chama que cresce a clamar por boas idéias.

Porque a pressa? Chegue mais e fique!

Deixemos o papo rolar solto sob o embalo gostoso do balanço das cortinas.

Do relógio só me interessa o ritmo do tic tac.


Si Cris





Não deu tempo!


O relógio pára ... o tempo não!
E este não espera você fazer correções.
O tempo ignora rascunhos!

Não concluímos a lista do supermercado,
Não assistimos aquele filme,
Não transplantamos as mudas do jardim,
Não desfrutamos das flores.

Não deu tempo!

Risos abreviados,
Sonhos aniquilados,
Conversas suspensas.

Fechei as cortinas ignorando a chuva lá fora.
Preparei o jantar, acendi a vela ao centro da mesa,
Ajeitei o arranjo de flores.
Treinei em voz alta meu trecho preferido de Neruda:

"Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, te amo diretamente sem problemas nem orgulho: assim te amo porque não sei amar de outra maneira".

Meias de seda, colar de pérolas,
o vestido que você gostava ....

Tudo pronto te aguardando chegar!

Não fosse a chuva a cair torrencialmente trocando o "nós" por saudade!

Você não chegou!

Não deu tempo!

Em pensar que eu iria, durante o jantar, te propor mudanças para toda a vida!


















Não espere que as perdas te promovam mudanças! Mude enquanto há tempo!